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28.11.2014
Juíza substituta da 3ª Vara da Fazenda Pública, Karina Maliska Peiter, concedeu tempo para defesa aos loteadores Picaretas, pás, retroeavadeira e um comboio policial. Após nove meses de fiscalização e autuações diversas, a equipe da Fundação do Meio Ambiente (Floram) entrou em um loteamento em crescimento com cerca de 20 mil metros quadrados, localizado nos fundos da Rua Fabriciano Inácio Monteiro, na Vargem do Bom Jesus, em Florianópolis. Puxados pelo diretor de Fiscalização, Bruno Palha, a ordem era derrubar paredes em construção, postes de luz e tudo que simbolizasse novas casas na área de 1,5 hectares caracterizada como Área de Preservação Permanente (APP), nesta terça-feira à tarde. A comunidade local resistiu estacionando carros no caminho que leva ao alto do morro, onde uma nascente teria sido aterrada no andamento das construções. — A gente não é bandido para virem com esta força toda. Trabalhamos a vida toda para conseguir uma casinha, sair do aluguel. Minha mulher até está no hospital para o nascimento da minha filha — disse o pedreiro Denilson da Silva, 42 anos, que adquiriu um terreno em contrato de compra e venda há cerca de oito meses. A casa de alvenaria foi erguida em 30 dias, segundo ele. Mais de 20 construções Fiscal da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Vera Lúcia dos Santos diz que mais de 20 casas foram erguidas ao longo de um ano, desde que foi embargada a obra da guarita na entrada do loteamento de propriedade de Paulo Ferreira e Vanuza Ferreira Pires. — Há 15 dias viemos mais uma vez, embargamos obras, levamos betoneiras e retroescavadeira, demos um ultimato, mas as construções não pararam. Eles estão parcelando lotes, abrindo ruas e construindo em APP (Área de Preservação Permanente), com aterramento e canalização de nascente d'água. É o particular sobrepondo o coletivo. Crime ambiental — acrescentou Bruno. De acordo com ele, uma imobiliária estaria envolvida na venda dos terrenos. Munido de um papel retirado na própria prefeitura de Florianópolis, o advogado de Paulo e Vanuza argumentou para que fosse feita uma perícia pela Justiça para comprovar onde é APP ou não, pois o tal documento informava que ali não era. Diretor de Fiscalização da Floram informa os motivos da ordem de demolição. "Não vamos sair sem derrubar estes postes "O diretor da Floram nem quis discussão e mandou chamar a retroescavadeira. — Não vamos sair sem derrubar estes postes e as construções não habitadas, ou este processo que fere o meio ambiente vai ser acelerado — disse. Não foi preciso mais nenhuma ordem. Munida de um papel dobrado, uma liminar da 3ª Vara da Fazenda Pública, concedida na mesma tarde pela juíza substituta Karina Maliska Peiter, a advogada de um dos moradores do loteamento, Perla Duarte Moraes, pôs fim às intenções do órgão ambiental.— — A intervenção está suspensa por cinco dias até juntarmos a documentação — anunciou, para apaziguar de vez os ânimos .Ao comboio montado pela prefeitura _ com custo operacional de R$ 15 mil, segundo a Floram _ restou descer os 300metros de rua de cascalho, observado pelas expressões de alívio e alegria dos moradores. Acompanhando o traçado da estrada, uma água corria sem parar, em um canal feito de cimento.